domingo, 31 de dezembro de 2017

A Vocação do Mundo



O texto com o título “A Vocação do Mundo”, de Virgilio Gaudie Fleury, para o jornal goiano – da cidade de Goiás – A Voz do Povo, de 24 de dezembro de 1933, parece ser a apresentação – ainda que tímida – do ideário integralista nos periódicos da Província de Goyaz.
Pois somente em 25 de fevereiro de 1934, no Cine Progresso, dessa cidade de Goyaz, se realiza a primeira reunião integralista, em que tomam parte na mesa, além do acadêmico Virgilio Gaudie Fleury, o grande entusiasta da doutrina do Sigma em território goiano, o senhor Zoroastro Artiaga, e o Dr. Benjamin Vieira, primeiro chefe provincial do Sigma em Goiás.
Nossos esforços tem sito em tentar levantar os números do jornal integralista que circulou nessa cidade a partir de 1934 com o nome de SIGMA, e posteriormente, A Província de Goiaz, em que colaboraram João da Silva Pimenta, Sebastião Dantas de Camargo Junior, Olegário Antunes e tantos outros.
Mas enquanto não temos acesso ao periódico integralista da Província de Goiás vamos disponibilizar alguns artigos de integralistas goianos na imprensa local e nacional.
E o primeiro é esse texto de Virgilio Gaudie Fleury, precursor da publicidade do Sigma:


A Vocação do Mundo
Virgilio Gaudie Fleury
(Especial para “Voz do Povo”)

Quem observar, sem preconceito ou parti pris, as tendências do mundo moderno; quem auscultar imparcialmente os acontecimentos da hora presente; quem sentir e compreender as angustias e as inquietações das turbas famintas que abalam as fibras mais intimas da estabilidade social, terá que concluir, necessariamente, que a vocação da humanidade é para um remodelamento completo das instituições liberais que não mais satisfazem os imperativos da época atual. O liberalismo, filho dileto da Revolução Francesa, não resiste ao formidável movimento de renovação social que, na sua arrancada grandiosa, vai pulverizando os mitos políticos que os racionalistas haviam erigido em ídolos intangíveis.
A visão genial de Oswaldo Spengler no magistral livro “A Decadência do Ocidente”, já previu o declínio da civilização liberal democrática, cujo crepúsculo melancólico começa a desiludir os mais ardorosos individualistas. O fracasso do liberalismo não poderia surpreender todos os que conhecem as suas fontes históricas e filosóficas. Jean J. Rousseau foi, incontestavelmente, o patriarca do liberalismo; a sua influência decisiva no movimento revolucionário de 89, inspirou quase todas as constituições dos países cultos. O filosofo francês foi um grande visionário. Viu a sociedade como produto de um contrato social repousado na vontade livre e soberana dos homens. O liberalismo, portanto, não poderia ter vida longa, pois se a sociedade é um contrato social voluntario, em qualquer tempo os homens poderiam desfaze-lo.
Além da inconsistência filosófica – que inspirou Karl Marx no seu distrato social – o individualismo pretendeu arrancar do coração humano o seu mais belo apanágio – a religião.
Os racionalistas, seccionando o conceito de homem com o Infinito, entronizaram a ridícula deusa-razão – filha da vaidade fantasiada de cultura.
Os resultados do triunfo liberal-democrático, em nossos dias, são os mais tristes: - a carnificina de 1914, os sem trabalho, as ameaças constantes de guerras, a miséria e a dissolução dos costumes, eis os mais eloquentes argumentos da falácia liberal.
Felizmente se esboça, como verdadeira avalanche, uma cruzada salutar que começou a inundar o mundo já descrente da panaceia lantejoulante dos enciclopedistas. Mussolini, salvando a Itália das garras do comunismo e da anarquia desvendou aos olhos das multidões o panorama grandioso e sem par da doutrina totalitária, que repousa na colaboração e convivência das classes.
O fascismo, que apresenta hoje exemplar obra de consolidação social, é o maior desmentido à teoria comunista que prega a luta de classes e o antagonismo do trabalho e do capital. A vitória de Hitler na Alemanha, Oliveira Salazar em Portugal, Mustafa Kemal na Turquia, rasga novos horizontes ao idealismo combalido da humanidade.
A vocação integralista avassala povos e nações, raças e indivíduos. É uma ideia em marcha, portanto, incontestável.
O materialismo – agnóstico ou comunista – agoniza, pois a mocidade, que é a alvorada dos mais radiosos sentimentos, saberá cumprir o seu dever, batalhando pela estupenda Revolução Espiritualista.
Goyaz, 18 de dezembro de 1933.

“Voz do Povo. Anno VII, Goyaz, domingo, 24/12/1933, nº 309”.